O que é expografia?

Segundo André Desvallées, no livro Manuel de Muséographie, a expografia “visa a pesquisa de uma linguagem e de uma expressão fiel para traduzir o programa científico de uma exposição”. (DESVALLÉES, 1998, p. 221, tradução nossa)

É por meio dos elementos expográficos que os criadores do conteúdo da exposição – curadores, museólogos, artistas, empresas, entre outros – se comunicam com o seu público. A expografia é então uma importante ferramenta de comunicação do museu, estabelecendo um diálogo entre o acervo (material ou imaterial) e o visitante.

É por intermédio dela que é construída uma narrativa em torno de cada tema, sendo objeto de cultura, informação, educação ou deleite dos visitantes. Assim, o profissional responsável pela expografia vai buscar relações formais para expressar o conteúdo proposto pela curadoria.

Ou seja, se o curador está falando de determinado assunto, o profissional responsável pela expografia deve buscar a melhor maneira de traduzir os conceitos deste assunto. Isso pode ser expressado de várias maneiras, das quais cabe destacar algumas:

Pelo ambiente criado em uma exposição. O ambiente envolve principalmente o percurso do visitante e a sequência na qual ele vai receber as informações, até as reconstituições de espaços históricos. Em geral o espaço para construção de uma mostra é pré-definido e devemos construir uma narrativa dentro deste ambiente.

Exposições que emocionam: a coragem do pink no outubro rosa. No jardim da Casa das Rosas: de 1 a 20 de outubro de 2019. Design gráfico e produção executiva: Renata Figueiredo design gráfico + expografia. Design gráfico e produção executiva da exposição: “Renata Figueiredo design gráfico + expografia”.
O percurso desta exposição era relativamente livre, pois existem dois pergolados na Casa das rosas.. As pessoas poderiam iniciar o percurso em 3 pontos diferentes. No início, meio ou final da exposição. Neste caso teve que se pensar a sequencia lógica de exposição em função desses diferentes percursos, de maneira a não perder a lógica da narrativa. Design gráfico e produção executiva da exposição: “Renata Figueiredo design gráfico + expografia”.

Pelas cores das paredes e dispositivos. Cada cor deve traduzir as emoções e os conceitos imaginados pela curadoria. Durante a criação das exposições, os criadores do conteúdo expositivo sempre dão pistas do que ele desejam transmitir.

Pela tipografia. Aqui é importante ressaltar que a tipografia não é apenas o tipo de letra escolhida, mas sim o arranjo gráfico dos textos, sua legibilidade em diversos níveis, desde a letra escolhida até os seu contraste com o fundo, tipo de dispositivo em que se localiza, entre outros. Por isso muitas vezes se fala em “escrita da exposição”.

Pela proporção entre os elementos. A forma como o visitante se sente na exposição depende da proporção dos elementos e da forma como eles são dispostos. Uma exposição pode ser extremamente sufocante em que o visitante se sente minúsculo entre displays enormes e, pode ser essa a intenção da curadoria, dependendo do tema.

Pela cenografia e iluminação da exposição. Muitas vezes a necessária imersão na exposição – separação entre o mundo exterior e interior do espaço expositivo – se dá através da concepção de um verdadeiro cenário em que o ator/visitante é o protagonista principal da exposição. Através dos elementos acima, aliado a luz e a dramaticidade na representação do tema, a cenografia se destaca nas exposições do século XXI.

Expografia e ambientação de exposição no Instituto Tomie Ohtake em 2017. A imersão no ambiente se deu através da da baixa luminosidade e da criação de um ambiente mágico e acolhedor. Foto do acervo: Renata Figueiredo design gráfico + expografia.

Pelos materiais utilizados na construção da exposição: eles também são responsáveis por trazer leveza ou peso para uma exposição e devem estar alinhados com a proposta temática da curadoria.

Portanto, todos os elementos colocados dentro do espaço expositivo devem ser idealizado de forma a traduzir os conceitos da curadoria, desde o elemento mais básico, como a escolha das cores utilizadas até os displays que dão suporte aos textos ou a objetos.

Por fim, é importante ressaltar que a expografia não ocorre somente nos espaços de museus, mas abrange todos os espaços de exposição, públicos ou privados, comerciais ou culturais.