A proposta deste site é ampliar os conceitos de expografia e testar uma metodologia experimental de análise de exposições, entendendo-as, descontruindo-as, estudando seus objetivos, etc.
Fizemos uma seleção de 8 cursos sobre museus, exposições e arte oferecidos gratuitamente durante a quarentena.
EXPOGRAFIA
O Curso “Para fazer uma exposição” faz parte do programa Saber Museu do Ibram (Instituto Brasileiro de museus). Disponível apenas no formato podcast no momento. disponível em 4 módulos:
• Módulo I: definições teóricas de museu, histórico e políticas. • Módulo II: planejamento e gestão estratégica, sustentabilidade e inovação em museus e leis de financiamento da cultura. • Módulo III: relações entre museus e economia, sobre a administração de museus como empresas e também sobre modelos de negócios e economia digital. • Módulo IV: Marketing social, posicionamento estratégico, ferramentas de comunicação e estratégias de internacionalização para museus e patrimônio. • Módulo V: utilização de tecnologias nos museus, a inovação tecnológica e formatos de acesso virtual.
ARTE
A Casa do Saber está com acesso liberado até 30/04/2020, inicialmente. Quatro cursos sobre arte bastante interessantes, vale fazer o cadastro e entrar nos links abaixo.
Crítica Expográfica é escrito por Renata Figueiredo Lanz, que, além de produtora de conteúdo neste blog também é diretora de criação da Renata Figueiredo | design gráfico + expografia . Para entrar em contato envie um e-mail para renata@refigueiredo.com.br
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Há algum tempo atrás, um dos leitores do blog teve uma discussão calorosa defendendo que cada um deveria ter a fruição que mais lhe apeteça e que eu, ao defender que as pessoas não deviam circular pelo museu fazendo selfies sequenciais sem olhar para as obras, seria preconceituosa e retrógrada.
Pois então, justamente um brasileiro, entra em um museu português e claramente não olha para a obra, pois é muito mais importante retratar os seus 2 segundos em frente a obra do que os 300 anos em que ela foi guardada, estudada e conservada.
Será mesmo que mostrar para os seus amigos a felicidade aparente em uma exposição (que no fundo a pessoa não viu) é tão importante a ponto de destruir o patrimônio. Será que o marketing gerado pelos milhares de selfies postados traria um retorno suficiente para compensar a perda de pelo menos duas (veja o artigo) obras de arte?
artigo: http://orapois.blogfolha.uol.com.br/2016/11/07/brasileiro-destroi-estatua-de-300-anos-ao-tirar-selfie-em-museu-de-lisboa/?cmpid=compfb
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Crítica Expográfica é escrito por Renata Figueiredo Lanz, que, além de produtora de conteúdo neste blog também é diretora de criação da Renata Figueiredo | design gráfico + expografia . Para entrar em contato envie um e-mail para renata@refigueiredo.com.br
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O Brooklin Botanic Garden (já citado em um post anterior) que tem como premissa ter iniciativas sustentáveis, lançou uma muito interessante: o seu material de divulgação era impresso no verso de banners de uma divulgação anterior.
Além desta interessante iniciativa, o BBG se compromete a tomar outras iniciativas para tornar o espaço mais sustentável, como por exemplo: utilizar para mapas, folhetos, papel timbrado etc. um papel reciclado 100% pós consumo e utilizar impressoras internamente para evitar o envio e o consumo de carbono.
Vale lembrar que o papel reciclado que usamos normalmente é um papel pré-consumo pois tem, em parte da sua composição, aparas de papel de gráficas (ou seja, restos de papel branco não impressos). O papel pós consumo é muito mais difícil de ser produzido e utilizado.
A diferença entre esses tipos de papel reciclado pode ser vista em: http://nossoquintal.org/2007/11/30/votorantim-e-suzano-processadas-contem-glossario/
Segundo André Desvallées, no livro Manuel de Muséographie, a expografia “visa a pesquisa de uma linguagem e de uma expressão fiel para traduzir o programa científico de uma exposição”. (DESVALLÉES, 1998, p. 221, tradução nossa)
É por meio dos elementos expográficos que os criadores do conteúdo da exposição – curadores, museólogos, artistas, empresas, entre outros – se comunicam com o seu público. A expografia é então uma importante ferramenta de comunicação do museu, estabelecendo um diálogo entre o acervo (material ou imaterial) e o visitante.
É por intermédio dela que é construída uma narrativa em torno de cada tema, sendo objeto de cultura, informação, educação ou deleite dos visitantes. Assim, o profissional responsável pela expografia vai buscar relações formais para expressar o conteúdo proposto pela curadoria.
Ou seja, se o curador está falando de determinado assunto, o profissional responsável pela expografia deve buscar a melhor maneira de traduzir os conceitos deste assunto. Isso pode ser expressado de várias maneiras, das quais cabe destacar algumas:
– Pelo ambiente criado em uma exposição. O ambiente envolve principalmente o percurso do visitante e a sequência na qual ele vai receber as informações, até as reconstituições de espaços históricos. Em geral o espaço para construção de uma mostra é pré-definido e devemos construir uma narrativa dentro deste ambiente.
Exposições que emocionam: a coragem do pink no outubro rosa. No jardim da Casa das Rosas: de 1 a 20 de outubro de 2019. Design gráfico e produção executiva: Renata Figueiredo design gráfico + expografia. Design gráfico e produção executiva da exposição: “Renata Figueiredo design gráfico + expografia”.O percurso desta exposição era relativamente livre, pois existem dois pergolados na Casa das rosas.. As pessoas poderiam iniciar o percurso em 3 pontos diferentes. No início, meio ou final da exposição. Neste caso teve que se pensar a sequencia lógica de exposição em função desses diferentes percursos, de maneira a não perder a lógica da narrativa. Design gráfico e produção executiva da exposição: “Renata Figueiredo design gráfico + expografia”.
– Pelas cores das paredes e dispositivos. Cada cor deve traduzir as emoções e os conceitos imaginados pela curadoria. Durante a criação das exposições, os criadores do conteúdo expositivo sempre dão pistas do que ele desejam transmitir.
– Pela tipografia. Aqui é importante ressaltar que a tipografia não é apenas o tipo de letra escolhida, mas sim o arranjo gráfico dos textos, sua legibilidade em diversos níveis, desde a letra escolhida até os seu contraste com o fundo, tipo de dispositivo em que se localiza, entre outros. Por isso muitas vezes se fala em “escrita da exposição”.
– Pela proporção entre os elementos. A forma como o visitante se sente na exposição depende da proporção dos elementos e da forma como eles são dispostos. Uma exposição pode ser extremamente sufocante em que o visitante se sente minúsculo entre displays enormes e, pode ser essa a intenção da curadoria, dependendo do tema.
– Pela cenografia e iluminação da exposição. Muitas vezes a necessária imersão na exposição – separação entre o mundo exterior e interior do espaço expositivo – se dá através da concepção de um verdadeiro cenário em que o ator/visitante é o protagonista principal da exposição. Através dos elementos acima, aliado a luz e a dramaticidade na representação do tema, a cenografia se destaca nas exposições do século XXI.
Expografia e ambientação de exposição no Instituto Tomie Ohtake em 2017. A imersão no ambiente se deu através da da baixa luminosidade e da criação de um ambiente mágico e acolhedor. Foto do acervo: Renata Figueiredo design gráfico + expografia.
– Pelos materiais utilizados na construção da exposição: eles também são responsáveis por trazer leveza ou peso para uma exposição e devem estar alinhados com a proposta temática da curadoria.
Portanto, todos os elementos colocados dentro do espaço expositivo devem ser idealizado de forma a traduzir os conceitos da curadoria, desde o elemento mais básico, como a escolha das cores utilizadas até os displays que dão suporte aos textos ou a objetos.
Por fim, é importante ressaltar que a expografia não ocorre somente nos espaços de museus, mas abrange todos os espaços de exposição, públicos ou privados, comerciais ou culturais.